sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Segunda geração contra câncer de próstata


8/4/2009

Agência FAPESP – Uma nova droga que se liga ao receptor de androgênio é a mais nova promessa para o tratamento de câncer de próstata em estado avançado, segundo estudo divulgado nesta terça-feira (7/4) e que será publicado esta semana no site da revista Science.

Conduzido por 19 cientistas de diversas instituições de pesquisa nos Estados Unidos, o estudo conseguiu desenvolver uma segunda geração de antiandrogênico – que diminui a ação de hormônios masculinos – em um composto a que deram o nome de MDV3100.

Homens com câncer de próstata em estágio avançado são frequentemente tratados com medicamentos que inibem a atividade dos hormônios masculinos, como a testosterona, que atuam diretamente no aumento desse tipo de tumor.

“Câncer de próstata metastático é tratado com drogas que antagonizam a ação androgênica, mas a maior parte dos pacientes progride para uma forma mais agressiva da doença, chamada de câncer de próstata resistente à castração, que é promovida pela expressão elevada do receptor de androgênio”, descreveram os autores.

Ou seja, apesar de tais medicamentos interromperem o receptor de androgênio, que ajuda a regular a multiplicação celular, com o tempo os tumores conseguem superar esse efeito ao expressar níveis ainda mais elevados do receptor. 
E é nesse ponto que o estudo centrou sua atuação.

O MDV3100 foi descoberto por um grupo liderado por Charles Sawyers, do Centro de Cancer Memorial Sloan-Kettering, e por Michael Jung, da Universidade da Califórnia em Los Angeles.

Ele se liga ao receptor e mantém sua atividade anticâncer tanto em cultura celular como em modelos animais (em camundongos, no caso do estudo). A atividade é mantida até mesmo quando os níveis de receptores são elevados.

Os pesquisadores também descobriram outra droga, o RD162, que analisaram em camundongos, mas não em testes clínicos. Os dois compostos, segundo a pesquisa, aparentemente atuam ao inibir os movimentos dos receptores no núcleo celular e reduzir a atividade transcricional – síntese enzimática do RNA mensageiro a partir do DNA.

De acordo com os pesquisadores, as duas novas drogas conseguiram se ligar ao receptor androgênico e atuar mais eficientemente do que a bicalutamida, medicamento comumente usado em hormonioterapia para câncer de próstata.

O MDV3100 já está sendo testado clinicamente em pacientes com câncer de próstata avançado. De acordo com os cientistas envolvidos no trabalho, o primeiro grupo de pacientes apresentou um declínio expressivo nos níveis de PSA (antígeno prostático específico), usado como marcador do crescimento do câncer. 
De 30 pacientes, 13 tiveram redução de mais de 50% nos níveis de PSA.

Os testes ainda estão nas fases 1 e 2, nas quais a droga é avaliada em questões como segurança, efeitos colaterais e indicações iniciais de eficiência.

A fase 3, mais abrangente e completa, deverá ser iniciada ainda este ano.

O artigo Treatment of advanced prostate cancer with an antiandrogen that alters androgen receptor localization and DNA binding, de Chris Tran e outros, poderá ser lido em breve por assinantes da Science em www.sciencemag.org.

sábado, 20 de novembro de 2010

Verme hermafrodita ajuda a explicar Alzheimer


Verme hermafrodita, C. Elegans.
Verme hermafrodita, C. Elegans.
wikimedia.org
Adriana Moysés
Um estudo realizado na França dá pistas para compreender melhor o mecanismo de doenças degenerativas como Alzheimer e Parkinson e tentar desenvolver tratamentos mais eficazes.

Pesquisadores de Lyon, no sudeste da França, observaram um processo de rejuvenescimento surpreendente nos gametas de um pequeno verme hermafrodita, batizado pelos cientistas franceses de C-Elegans.
Nesses vermes, que apresentam um ciclo de reprodução relativamente curto, desde que as células reprodutivas chegam à maturação, elas rejuvenescem automaticamente antes da fecundação. Esse mecanismo de rejuvenescimento, segundo o professor Hugo Aguilaniu, responsável pelo estudo, acontece pela ação de um conjunto de enzimas que substitui nos óvulos as velhas proteínas herdadas dos pais por outras novas em folha destinadas ao futuro embrião.
De acordo com o cientista francês, essa descoberta é fundamental porque poderá indicar soluções para prevenir doenças degenerativas ligadas ao envelhecimento das células como câncer, Parkinson ou Mal de Alzheimer. Uma experiência de rejuvenescimento semelhante já foi realizada sem sucesso com a ovelha Dolly, o primeiro mamífero clonado. Quando Dolly nasceu, em 1996, a ovelha apresentava células equivalentes a um animal de 5 anos. Dolly envelheceu rapidamente e morreu em 2003.
Com a observação do comportamento das enzimas no verme hemafrodita C-Elegans, os pesquisadores de Lyon esperam descobrir uma maneira de atrasar o declínio físico ligado ao envelhecimento. O professor Hugo Aguilaniu espera realizar a mesma experiência feita com os vermes em óvulos humanos nos próximos dez anos.