Os 60 são, de fato, os novos 40
Gabriela Carelli - Especial para O Estado de S. Paulo
27 Abril 2015 | 06h 00
Aumento da expectativa de vida e melhora das condições de saúde prolongam a meia idade para além da sexta década de vida, afirmam demógrafos
Gabriela Carelli
@gabriela.carelli@gmail.com
Gabriela Carelli é jornalista e editora do canal Longevidade do Estadão@gabriela.carelli@gmail.com
Você está prestes a completar 60 anos, mas tem a sensação de que é cedo demais para ser rotulado como idoso ou aderir ao time da terceira idade? Não, não se trata de escapismo, nem de negação da realidade: os 60 são, de fato, os novos 40, como dizem por aí - e você, definitivamente, não é velho. O aumento da longevidade e a melhora na saúde da população mundial prolongaram a meia idade para além da sexta década de vida, afirmam demógrafos europeus e americanos em um estudo recém-publicado na revista científica PLoS One.
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Segundo os pesquisadores, não existe uma idade específica, única, que sirva de padrão para a classificação etária. “O total de anos que define o envelhecimento varia de acordo com o país e com o gênero”, diz Sergei Scherbov, do IIASA , responsável pela trabalho. Tome como exemplo as mulheres francesas. O início da velhice para as nascidas na França acontecia aos 58,4 anos, em 1900, e aos 64,8 anos, em 1956. Nos dias atuais, ela se tornam idosas aos 74 anos. Na Inglaterra, as mulheres envelhecem antes, aos 72 anos, e os homens, aos 70.
Para chegar a esse resultado, os demógrafos avaliaram os dados estatísticos (aumento da expectativa de vida, mortalidade, natalidade) e os indicadores de saúde das populações de 40 países e aplicaram uma nova fórmula, que inclui diversas variáveis além da idade cronológica. “Esse cálculo revela em qual idade as pessoas de um país podem ser chamadas de idosas. De maneira simplificada, uma pessoa entra na terceira idade quando lhe restam menos de 15 anos de vida, período em que ela se torna mais dependente e frágil”, diz Scherbov.
Divulgada há menos de duas semanas, a pesquisa do IIASA virou manchete nos principais sites de notícia dos Estados Unidos e Europa. Afinal, trata-se de um dos raros trabalhos científicos que surgem para comprovar uma mudança já percebida fora do mundo acadêmico: quem tem 60 anos hoje não se considera velho. Com qualidade dos anos acrescentados à expectativa de vida, os sessentões sentem-se dispostos, continuam a trabalhar e começam novos relacionamentos. Essa jovialidade não se expressa apenas no comportamento, mas na boa saúde e na aparência. Pense em Pierce Brosnan, 62 anos. O ator, que continua lindo, tem atuado como nunca: participou de oito filmes nos últimos dois anos. De velho, realmente, ele não tem nada.