domingo, 8 de novembro de 2015

Glicação – um pulo para uma velhice sem saúde

Qualquer dieta rica em carboidrato – especialmente os refinados, incluindo sucos de frutas, têm uma enorme capacidade de acelerar o envelhecimento. Parte desse processo é estimulada por um processo bioquímico chamado de glicação. É um processo um tanto complexo, em que estão envolvidos moléculas de glicose e de proteína. Uma reação química é estabelecida de forma que resultam moléculas deformadas e não funcionantes, que costumam se aglutinar. Esse processo é muitas vezes comparado a uma “caramelização”, ou seja: o composto final não pode retornar a um estado anterior, e esse novo resultante compromete os tecidos que está formando, deixando-os mais rijos e espessos. A pele envelhecida é um bom exemplo do tipo de aparência externa de um órgão afetado pela glicação.
Mas o coração, o cérebro e os olhos, entre outros podem ser órgãos especialmente sensíveis a esse processo. Esse dano irreparável afeta de forma imperiosa ao organismo sendo parte do processo degenerativo da aterosclerose, doença cardíaca, Alzheimer (e outras doenças degenerativas cerebrais, como Parkinson e Esclerose Lateral Amiotrófica), todas as complicações da diabetes, catarata, e qualquer processo associado às limitações do envelhecimento. De um modo geral o colágeno e outras proteínas de matriz tecidual estão sujeitas a essa reação de re-arranjo molecular, onde a resultante é um tecido com perturbações funcionais.
Em pessoas mais jovens a preocupação com a glicação é devido a sua obstinada relação com a obesidade e a diabete, sendo um dos mais expoentes limitadores da expectativa e da qualidade de vida nesses indivíduos. (Essa é a razão pelo qual é solicitado o exame hemoglobina glicada para o controle de pacientes diabéticos)
A glicação é um processo que não pode ser completamente evitado dentro dos organismos, mas é fundamental que se tome atitudes que habilite uma proteção a predominância desse tipo de reação química.
Nas sociedades ocidentais ou modernizadas uma forma de tornar mais vagarosa a glicação é a redução do consumo de todo e qualquer carboidrato, principalmente os refinados. Isso é de certa forma um dos pilares que dá suporte a postura cada mais encorajada de restringir o consumo desse alimento, estranhamente colocado na base da pirâmide alimentar – como política de saúde pública,  e de distribuição de alimentos. Se a base alimentar é o amido o convite a uma velhice precoce e enferma é garantida – por todos aqueles que estão associados à extravagante idéia de que é natural tomar sucos de frutas, eventualmente no lugar da água para matar a sede. Aliás, tem uma propaganda que diz: “Mate sua sede com o refrigerante X!!”. Se algum crédulo entendesse que essa orientação, oriundas de propagandas de massa no rádio, TV ou em out-doors fosse honesta, possivelmente já estaria morto por doenças ligadas à falência pancreática.
Quem tem sede toma ÁGUA! Quem tem fome toma suco ou refrigerante ou um drinque qualquer. Aliás, um aspecto curioso é que a frutose está intimamente associada ao metabolismo do colesterol e das gorduras. Além é claro de elevar um pouco o ácido úrico... A natureza – de verdade – é um curioso desafio aos arautos da saúde... as pessoas por algum motivo não se apercebem de que pão ou massas não dão em árvores, muito menos doces e outros quitutes manufaturados...
Um nutriente natural é a única alternativa natural viável para tratar a glicação. Trata-se de um aminoácido dipeptídeo de ocorrência farta nos músculos e cérebro: a carnosina. Esse aminoácido se oferece como alvo para a glicação para a glicose e poupa outras proteínas de sofrerem esse processo. A carnosina também se liga a outras proteínas já glicadas nos tecidos, tornando-as mais fáceis de serem submetidas ao metabolismo e eliminadas, habilitando as estruturas teciduais a se manterem jovens e flexíveis.
Dá para se afirmar que ao ter essa habilidade de prevenir a glicação e a formação dos malfadados AGEs (produtos finais de glicação, do inglês: Advanced Glycation End Products), a carnosina é dos mais poderosos produtos anti-aging (anti-envelhecimento) conhecidos na atualidade!
A carnosina vai se reduzindo com o avançar da idade nos músculos e no cérebro, podendo chegar a menos de 40% de um indivíduo jovem após os 70 anos. Ao mesmo tempo em vai caindo a carnosina mais o corpo vai ficando vulnerável à reação química da glicação.

Nos anos recentes, pesquisas laboratoriais comprovaram que a carnosina:
1) Protege os olhos da glicação, e pode ser usada como tratamento e prevenção de catarata e perda visual em idosos;
2) Protege os vasos cerebrais mais tênues de danos que podem levar a doenças como Alzheimer, além de efetivar proteção contra ação tóxica de certos minerais tóxicos, formando com eles produtos inativos ou até mesmo novas substâncias antioxidantes;
3) Tem ação relaxante e de dilatação nos vasos sangüíneos, melhorando a oferta de sangue ao coração. Além disso, melhora a performance muscular cardíaca.
4) Previne o envelhecimento da pele por inibir o cross-link (ligação transversal) do colágeno e preservando sua elasticidade. Tem ação favorável na cicatrização por promover divisão celular;
5) É um poderoso antioxidante por ser ativo contra um dos piores tipos  de radicais livres, os radicais hidroxil; estabiliza a membrana celular e protege contra a ação dos radicais livres;
6) Pode prevenir os efeitos da nefropatia diabética;
7) Pode melhorar em grande medida a socialização e a comunicação de crianças autistas.
8) Pode bloquear a atividade da guanilato ciclase, enzima ligada a asma, enxaqueca e câncer;

segunda-feira, 27 de abril de 2015



Os 60 são, de fato, os novos 40

Gabriela Carelli - Especial para O Estado de S. Paulo
27 Abril 2015 | 06h 00

Aumento da expectativa de vida e melhora das condições de saúde prolongam a meia idade para além da sexta década de vida, afirmam demógrafos



Gabriela Carelli

Gabriela Carelli
@gabriela.carelli@gmail.com
Gabriela Carelli é jornalista e editora do canal Longevidade do Estadão

Você está prestes a completar 60 anos, mas tem a sensação de que é cedo demais para ser rotulado como idoso ou aderir ao time da terceira idade? Não, não se trata de escapismo, nem de negação da realidade: os 60 são, de fato, os novos 40, como dizem por aí - e você, definitivamente, não é velho. O aumento da longevidade e a melhora na saúde da população mundial prolongaram a meia idade para além da sexta década de vida, afirmam demógrafos europeus e americanos em um estudo recém-publicado na revista científica PLoS One.
Feito pelo do IIASA (International Institute for Applied Systems Analysis), na Áustria, em parceria com a Universidade Story Brook, nos Estados Unidos, o estudo traz outra boa notícia. Como consequência de uma meia idade mais duradoura, a velhice também começa mais tarde, bem depois do que se pensava. Para a Organização das Nações Unidas, é idoso quem tem 60 anos ou mais. Outras instituições estabelecem os 65 anos como o início da terceira idade. 
O aumento da longevidade e a melhora na saúde da população mundial prolongaram a meia idade para além da sexta década de vida
O aumento da longevidade e a melhora na saúde da população mundial prolongaram a meia idade para além da sexta década de vida
Segundo os pesquisadores, não existe uma idade específica, única, que sirva de padrão para a classificação etária. “O total de anos que define o envelhecimento varia de acordo com o país e com o gênero”, diz Sergei Scherbov, do IIASA , responsável pela trabalho. Tome como exemplo as mulheres francesas. O início da velhice para as nascidas na França acontecia aos 58,4 anos, em 1900, e aos 64,8 anos, em 1956. Nos dias atuais, ela se tornam idosas aos 74 anos. Na Inglaterra, as mulheres envelhecem antes, aos 72 anos, e os homens, aos 70.
Para chegar a esse resultado, os demógrafos avaliaram os dados estatísticos (aumento da expectativa de vida, mortalidade, natalidade) e os indicadores de saúde das populações de 40 países e aplicaram uma nova fórmula, que inclui diversas variáveis além da idade cronológica. “Esse cálculo revela em qual idade as pessoas de um país podem ser chamadas de idosas. De maneira simplificada, uma pessoa entra na terceira idade quando lhe restam menos de 15 anos de vida, período em que ela se torna mais dependente e frágil”, diz Scherbov.
Divulgada há menos de duas semanas, a pesquisa do IIASA virou manchete nos principais sites de notícia dos Estados Unidos e Europa. Afinal, trata-se de um dos raros trabalhos científicos que surgem para comprovar uma mudança já percebida fora do mundo acadêmico: quem tem 60 anos hoje não se considera velho. Com qualidade dos anos acrescentados à expectativa de vida, os sessentões sentem-se dispostos, continuam a trabalhar e começam novos relacionamentos. Essa jovialidade não se expressa apenas no comportamento, mas na boa saúde e na aparência. Pense em Pierce Brosnan, 62 anos. O ator, que continua lindo, tem atuado como nunca: participou de oito filmes nos últimos dois anos. De velho, realmente, ele não tem nada.