segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Livro retrata últimos anos de convivência de fotógrafo com pai idoso (Danuza Peixoto)

Tatiana Pronin

Editora do UOL Ciência e Saúde

Imagem do livro "Dias Com Meu Pai";







Lidar com a morte e com o envelhecimento não é nada fácil. Mas a arte, em alguns casos, pode ser um caminho para absorver a realidade inexorável. Um bom retrato disso é o livro “Dias Com Meu Pai” (Ed. Alles Trade), do fotógrafo inglês Phillip Toledano, que trabalha em Nova York e é conhecido por suas imagens bizarras.



Depois de perder a mãe subitamente, em 2006, vítima de um aneurisma cerebral, Toledano decidiu registrar o tempo que lhe restaria de convivência com o pai. Apesar de não sofrer de Alzheimer, ele havia perdido a memória de curto prazo e perguntava pela esposa o tempo todo.



As fotos, acompanhadas de histórias e reflexões, foram publicadas em um blog até 2009, quando o pai do fotógrafo morreu, aos 99 anos, de velhice. O material foi visto por mais de 1,4 milhões de pessoas e ele recebeu mais de 20 mil comentários. “Foi uma experiência incrível, que fez com que eu me sentisse menos sozinho no mundo”, conta o fotógrafo ao UOL Ciência e Saúde.



Segundo ele, a maior parte das mensagens enviadas era de agradecimento pela honestidade com que relatou sua experiência. Reações que, segundo Toledano, serviram de inspiração para transformar o projeto em livro e, de certa forma, lhe ajudaram a lidar com a dor da perda – no espaço de três anos, o fotógrafo vivenciou a morte não só dos pais, mas também de um tio e uma tia.



Para quem perdeu uma pessoa próxima, “Dias Com Meu Pai” pode ser comovente demais. Para quem não gosta nem de pensar na velhice, pode causar uma pontada incômoda. Mas é difícil não sentir essa gratidão, inexplicável, pelo trabalho de Toledano, ao folhear a última página do livro. Afinal, quem vai se safar do envelhecimento ou da morte?





"Dias Com Meu Pai"



Autor: Phillip Toledano



Editora: Alles Trade



Páginas: 92



Preço: R$ 55